segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Lobo e o Cordeiro


Porque o que faço, não o aprovo; pois, o que quero, isso não faço, mas o que aborreço, isso faço... Porque eu sei que, em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, esse faço. (Romanos 7:15,18,19)

Este é o drama de um lobo que tinha a sua toca entre as pedras do topo de um penhasco, lugar onde somente os ossos de suas presas lhe faziam companhia. Era um animal muito solitário, toda a noite uivava para a lua, lamentando sua dura e triste vida.
Num dia qualquer ele vigiava um rebanho de ovelhas, onde intencionava capturar sua próxima vítima, afinal não seria a primeira vez que devoraria um saboroso cordeiro, durante sua campana ele observava os hábitos daqueles dóceis animais, os via conduzidos  para fora do redil, até a grama verdejante para um banquete matinal, depois eram levados para o riacho, onde saciavam sua sede nas águas frescas e cristalinas, e depois, ficavam ao sol até a tardinha, onde descansavam e brincavam, tudo sob a vigilância do pastor que as guardava.
Voltou o lobo para a sua toca sem caçar naquele dia, revoltado, invejando a vida tão boa daquelas ovelhas exclamou:
“Minha vida é tão difícil, tenho que caçar minha própria comida, me defender sozinho de meus inimigos, ninguém cuida de mim. As vezes durmo com fome, outras ferido e doente e não há quem ouça o meu ganido de dor... Estou cansado desta existência tão sofrível! Eu quero ser ovelha! Quero ser protegido, levado às pastagens verdejantes e alimentado, depois me refrescar com as águas do riacho, brincar com os amigos e descansar seguro.Isto sim é que é vida!
Decidido a viver como ovelha vestiu a pele de sua última presa, um jovem cordeiro que devorara, descendo o penhasco infiltrou-se no rebanho sem levantar suspeitas, sentiu pela primeira vez o caloroso conforto de dormir aconchegado na branca e macia lã de uma de suas novas companheiras.
Acordou tão feliz aquela manhã que mal cabia em si, o pastor levou o rebanho para fora como de costume para pastar na grama ainda molhada pelo orvalho.  As ovelhas se deliciavam com aquela grama, como se fosse a iguaria mais apetitosa do mundo. O lobo entusiasmado começou a comer também, mas o sabor da grama para ele era amargo como fel, tentou engolir, mas não conseguiu...  então ele disse consigo mesmo:
“O que importa? Estou tão feliz com minha nova vida que certamente superarei essa dificuldade pequena”.
Então continuou o seu dia, bebeu a água do riacho, brincou com as jovens ovelhas, fez amigos e descansou ao sol. Quando a noite chegou, juntinho com o rebanho suspirou pelo que acreditava ser o dia mais feliz de sua vida e dormiu sorridente.
No dia seguinte mais uma vez foi levado para pastar, agora a fome já o incomodava, tentando comer grama não obteve sucesso, como no dia anterior não podia suportar o sabor amargo da grama. Ao final do dia já não conseguiu dormir em paz, pois o estômago roncava muito.
Já era o terceiro dia, a fome era insuportável, por mais que quisesse comer grama era o cheiro da saborosa carne de suas companheiras ovelhas que ele desejava, não conseguia mais brincar com inocência, só pensava em devorá-las para sentir novamente o gosto suculento da carne entre os dentes. Não podendo mais se controlar o lobo fugiu em disparada para a sua toca, arrancando de si o disfarce de pele de cordeiro completamente frustrado e entristecido lamentou o seu fracasso chorando:
“Eu desejava tanto ser ovelha... viver a vida tranqüila e pacífica de um cordeiro. Mas sou um lobo, não consigo comer grama, somente a carne agrada-me o paladar, quase não pude suportar o calor daquela pele coberta de lã sobre mim, sempre com medo de ser descoberto escondia meu verdadeiro eu, faminto e quase descontrolado abandonei a vida dos meus sonhos porque não era a minha vida...”
E olhando para o céu aquele pobre animal lamentou ter nascido lobo, desejando ser possível nascer de novo como um cordeiro de verdade. Não suportando mais a fome desfaleceu com lágrimas molhando seus olhos desesperançados.

Quando amanheceu o dia estava ainda muito faminto, dirigiu-se para a planície coberta de grama e comeu, o sabor e o cheiro eram muito agradáveis ao paladar, surpreso e confuso dirigi-se as águas e quando vê seu reflexo... Algo inexplicável aconteceu...  já não se trata de disfarce, pois está coberto com a pele branca de lã, sua própria pele, um maravilhoso milagre aconteceu... Não existe mais o lobo, e sim um bonito e jovem cordeiro.

Da mesma maneira somos nós, nascemos sob a influência do pecado, vivemos uma vida onde a vontade da carne e dos pensamentos imperam. Sonhamos com a pureza, com a paz, a felicidade plena. Então descobrimos que precisamos mudar de vida para experimentá-la, vemos pessoas que debaixo dos cuidados de Cristo, vivendo a invejável alegria da salvação com famílias abençoadas, caminhos retos e justos, na companhia de irmãos de fé e na comunhão com Deus encontram alento, cura e paz.
Queremos ser protegidos, gostaríamos que alguém tratasse nossas machucaduras e cuidasse de nós. Então vamos para a casa de Deus, o redil do Sumo Pastor, a Igreja de Cristo. Onde passamos momentos agradáveis cantando e se alegrando com o povo de Deus, até percebermos que nos falta uma transformação, gostar do que um cristão gosta e sentir satisfação na santificação (prática da oração, meditação na Palavra de Deus, obediência aos princípios da bíblia, separação das coisas profanas...). Mas o nosso desejo ainda é buscar o prazer nos desejos da vontade carnal, buscar alegria fugaz se divertindo com as coisas desse mundo e não com as coisas de Deus.
Como para aquele lobo não bastava apenas parecer cordeiro por fora, era preciso ser um cordeiro desde dentro, falta-nos uma nova natureza espiritual, que não apenas saiba o que é melhor, o que é certo, mas uma natureza que deseje realmente o que é melhor e certo, a qual se satisfaça verdadeiramente na vida com Deus. Precisamos nascer de novo!
Este milagre existe! Jesus nos ensina a encontrá-lo nas águas do arrependimento e da conversão... É o novo nascimento.

Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.
Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre da sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. (João 3:3-7)

Venha para Jesus! Ele tem uma nova vida para você!
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (II Coríntios 5:17)